Grupo global de advogadas negras luta por mais representatividade na profissão
- Daniel Guerra
- 26 de jan. de 2024
- 2 min de leitura

Buscando mais representatividade e garantia da consolidação de um lugar de fala adequado em uma profissão eminentemente branca, as Black Sisters in Law são um grupo internacional de advogadas negras que busca a troca de conhecimentos, experiências e oportunidades, elevando a presença feminina negra em diversas áreas do Direito. Atualmente, são mais de 3 mil associadas, com maioria brasileira. No início de janeiro, um grupo de 30 integrantes do grupo foi a Angola participar de um intercâmbio jurídico e cultural. O país africano foi escolhido por causa das afinidades históricas e diplomáticas, já que o Brasil foi o primeiro País a reconhecer a independência angolana em 1975 , após 300 anos de dominação portuguesa. Além disso, é forte a presença de advogadas angolanas no grupo. Uma das principais atividades da viagem foi uma reunião com Ana Celeste, secretária de Estado da Justiça e Direitos Humanos de Angola.
O encontro na África teve o apoio do Movimento pela Equidade Racial (Mover), associação formada por 49 empresas que compartilham boas práticas e a aceleração da diversidade, equidade e inclusão.
Fundadora da Black Sisters in Law, a brasileira Dione Assis ressalta o impacto social positivo nos atividades do grupo. "Há uma influência social significativa ao fortalecer essa rede de profissionais afrodescendentes na área jurídica. Eventos como esse inspiram futuras gerações e catalisam mudanças positivas nas dinâmicas sociais e profissionais", aponta.

No Brasil, o grupo possui atuação diversificada. Uma das frentes é a parceria com a empresa de tecnologia iFood para oferecimento de suporte jurídico aos entregadores da empresa que enfrentam situações de discriminação, preconceito, assédio, bullying e violência. Nesta parceria, atuam as advogadas criminalistas do grupo.
O embrião do coletivo foi a criação de um grupo de WhatsApp para organizar a participação em um evento sobre Direito da Insolvência e reestruturação de empresas, em maio de 2022. Uma advogada foi convidando a outra até as 3 mil atuais. Além de proporcionar oportunidades justas de prestar serviços jurídicos, a missão da Black Sisters in Law é criar referências jurídicas negras.
E a realidade mostra que o movimento é necessário. Dados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) revelam que apenas 6,02% das advogadas do país são negras. No caso dos homens, o percentual passa para 7,45%. As informações se referem ao ingresso nos últimos dez anos.
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